quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Homem de óculos




Em homenagem ao trabalho de história sem as fontes nem as músicas desejadas mas que rendeu um considerável reconhecimento! Poesia intitulada "O homem de óculos" por Yêda Schmaltz.





Eu amo o homem de óculos.


Eu amei todos os homens de óculos.


Pra mim,


a parte essencial,


a parte inevitável do homem,


é plural:são os óculos.


Porque os óculos sempre participamdo meu amor,


barroco amor em crise;os óculos são um fetiche:


há sempre o momentodos óculos fazerem strip-teasee


daí o homem fica vesgo de amor


e os olhos do homemficam trasprafrente,transparentes.


Eu amo a mais os homens vesgos e estrábicose estigmáticos.


A tortura dos olhos do homem


me tortura,me estigmatiza.


(Ah, toda a doçura,toda a pieguice,toda a gostosura


que há na vesguice...)


Porque é sério,é muito sério mesmo, meu poeta,


o homem atrás dos óculos;


mas quando ele os retira,se transforma,


há um pretextopra ficar o outro homem


e a gente amacomo se cometesse um incesto.


Eu amo os homens de óculos


porque foram capazes de se cegarem


diante de mim e de me amar (amarem?)


de me amar sem nenhuma visão,que a do seu próprio e mais cego


coração(a grandiosa visão de um só momento).


Eu amo os homensque foram capazes


de me enxergar


por dentro.

Nenhum comentário: