Em homenagem ao trabalho de história sem as fontes nem as músicas desejadas mas que rendeu um considerável reconhecimento! Poesia intitulada "O homem de óculos" por Yêda Schmaltz.
Eu amo o homem de óculos.
Eu amei todos os homens de óculos.
Pra mim,
a parte essencial,
a parte inevitável do homem,
é plural:são os óculos.
Porque os óculos sempre participamdo meu amor,
barroco amor em crise;os óculos são um fetiche:
há sempre o momentodos óculos fazerem strip-teasee
daí o homem fica vesgo de amor
e os olhos do homemficam trasprafrente,transparentes.
Eu amo a mais os homens vesgos e estrábicose estigmáticos.
A tortura dos olhos do homem
me tortura,me estigmatiza.
(Ah, toda a doçura,toda a pieguice,toda a gostosura
que há na vesguice...)
Porque é sério,é muito sério mesmo, meu poeta,
o homem atrás dos óculos;
mas quando ele os retira,se transforma,
há um pretextopra ficar o outro homem
e a gente amacomo se cometesse um incesto.
Eu amo os homens de óculos
porque foram capazes de se cegarem
diante de mim e de me amar (amarem?)
de me amar sem nenhuma visão,que a do seu próprio e mais cego
coração(a grandiosa visão de um só momento).
Eu amo os homensque foram capazes
de me enxergar
por dentro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário